sábado, 11 de abril de 2020


Da série literatos e gatos. 

Os bichanos são, de fato, cativantes e inspiradores. Não é atoa que possuem admiradores de muito talento e renome. Estão aí Ferreira Gullar e Gatinho que não nos deixam mentir.


A doutoranda Mires Batista Bender, da Faculdade de Letras da PUCRS, fez uma compilação de vários outros "gigantes" da literatura internacional apaixonados (as) por gatos.


Algumas das histórias de "Um gato chamado Gatinho", do Ferreira Gullart, foram publicados no livro "Palavras de encantamento", volume 01, Editora Moderna, que reúne diversas autoras e autores. 

O Carito fotografou as poesias. Ainda que sua maior fixação seja com cachorros, sua história com gatos também é longa. A começar por uma tigradinha com quem perambulava pelo Catete, Glória, Santa Teresa dentro da bolsa que carregava cruzada. Esse é uma causo que ele precisa contar aqui qualquer dia!

Sem mais delongas, vamos às poesias. São quatro, então é possível dedicar duas para cada Gato com quem compartilho meus dias de isolamento e todos os outros dias: Ginga e Galeano.



"Dono do pedaço" e "O gato curioso" são a fucinhola do Galeano! Não é possível fazer um movimento sem que ele esteja observando, exceto quando está dormindo profundamente na cadeira do escritório ou em cima do armário do quarto. 

Além de curioso, o danadinho é espaçoso! Foi o último a chegar na casa, mas já veio com a pose de dono do território. Como a Ginguinha é muito paciente e tímida, vai abrindo espaço para o malandro.




Já "O ron-ron do gatinho" e "Companheiro fiel" descrevem a Ginguinha (ou Nzinga, Ginga, Pretucha, Bazinga... depende de quem chama). Meu primeiro ano e meio em São Paulo foi difícil pela saudade da família e solidão. Em 23 de fevereiro de 2015, quando ela chegou, a vida foi mudando, comecei a me sentir mais em casa. Ela, sempre por perto com seu ron-ronzinho que traz uma paz imensa pro meu coração.





segunda-feira, 6 de abril de 2020


Há diferentes atitudes da população felina durante o isolamento social.

Alguns praticam a aglomeração, afinal eles podem!


Outros, como é o caso da Ginguinha, já estão cansados de ter seus humanos em casa e procuram fazer o isolamento dentro do isolamento...


sábado, 4 de abril de 2020




Ginga e Galeano têm temperamentos bem diferentes. Ele é um filhotão curioso e brincalhão. 


















Ela é uma jovem senhora que prefere descansar pegando sol, ou enroscadinha na cama.





Ele foi o último a chegar na casa, mas já veio querendo tomar conta de tudo. Então acontece de se estranharem, às vezes. Mas, em geral, adoram brincar e são bastante amigos.




E como não adorar vê-los juntinhos?!




sexta-feira, 3 de abril de 2020




Outro motivo pelo qual gatos são excelentes companheiros em dias difíceis ou em dias normais é a ajuda que eles oferecem nas tarefas domésticas!




Fazer Faxina no banheiro.





Pendurar roupa no varal.



Às vezes alguma coisinha sai do controle...



Mas o que vale é a intenção!

quinta-feira, 2 de abril de 2020



Entre as várias afinidades está o carinho e o cuidado pela galerinha de quatro patas!

Recebi de presente do Carito, entre outros artefatos felinos.

A poesia é do Ferreira Goulart. Graciosa como um gato!



Pande-mia de Covid 19. 02 de abril de 2020.

A postagem de hoje mistura literatura e memórias de infância para defender a tese de que gatos são excelentes animais para compartilhar momentos críticos como o isolamento durante a pande-mia de Covid-19.

Quem diz isso não sou eu, mas um literato muito apreciado: Bukowsky.

Como cheguei à reflexão de Bukowsky sobre os felinos, ou como ela chegou até mim?

Antes de ir para Portugal, meu irmão morou comigo aqui no cafofinho por alguns meses. Foram dias felizes, nunca conheci tantos bares nos arredores e marcas de cerveja artesanais quanto naquele período! Quando ele foi embora, deixou alguns livros aqui, entre eles "Sobre gatos", do Bukowsky.



Não, meu irmão não é gateiro, inclusive adora fazer piadas sobre meu amor pelos bichanos, ou paródias com os nomes deles. A Nzinga, para o titio é Bazinga e assim por diante...

Mesmo não sendo "gateiro", ele protagonizou uma das histórias mais comoventes sobre gatos quando era criança. Em nossa infância, morávamos numa casa antiga, de vila, que dava para os fundos de um ferro velho - condições propícias para o aparecimento de ratos. Por isso, sempre tivemos gatos. Acontece que há uns 25, 30 anos atrás, em bairro popular, era comum que os bichanos não durassem muito. Muita gente fazia maldade, por superstição ou toda sorte de motivos, injustificáveis, a meu ver.

Pois bem... um belo dia, meu irmão era bem pequeno, tinha acabado de voltar da escola e ao procurar o gato foi encontrá-lo quase morto por envenenamento num canto do quintal. Meu irmão sempre gostou de comer bem, era o cara que no berçário, lembrava todo mundo que era hora de mamar. Naquele dia, porém, estava tão triste que nem conseguiu almoçar.

Depois do longo parêntese, vamos a Bukowsky e à vocação dos gatos para nos ajudar a atravessar momentos críticos.

Uma das melhores coisas a respeito dos gatos é
quando você está se sentindo mal, muito mal - 
se você apenas olhar para um gato esfriando a cuca
do jeito que eles fazem 
é uma lição de perseverança contra 
as adversidades, e
se você puder olhar 5 gatos é 5
vezes melhor. (Bukowsky, Sobre gatos, Porto Alegre: L&PM, 2017, p. 83).



Ter um monte de gatos em volta é bom. Quando você não se sente bem, é só olhar para os gatos, você logo se sente melhor, porque eles sabem que tudo é simplesmente do jeito que é. Não há nenhum motivo para grandes exaltações. Eles simplesmente sabem. São salvadores. Quanto mais gatos tem, mais tempo você vive. Se tiver cem gatos, vai viver dez vezes mais do que se tiver dez. Um dia vão descobrir isso, e as pessoas vão ter mil gatos e viver para sempre. É verdadeiramente ridículo  (Bukowsky, Sobre gatos, Porto Alegre: L&PM, 2017, p. 95).

quarta-feira, 1 de abril de 2020




Pande-mia de Covid 19. É 1º de abril de 2020, mas é verdade: estamos em isolamento social. Não se sabe por quanto tempo as restrições de idas e vindas durarão. Por enquanto este é o único meio de conter o alastramento do contágio pelo vírus.

Comigo é o seguinte, longe, isolada mesmo, aqui na grande metrópole paulistana, sem poder ir a Niterói, já faz pra lá de mês que não vejo meus amores humanos. Mas, resolvi registrar como é o dia-a-dia do isolamento social na companhia felina. Meus amores gatos tornam muito mais agradável e menos áridos os dias no ap de 42m². Ainda bem que, desde que começou o isolamento, temos sido brindados por bonitos dias de sol cujos raios entram pela janela. Ah, menos trânsito na rua em frente também é um aspecto bom da redução de circulação na grande metrópole paulistana.

Dia 01 de abril de 2020.

Registros com câmera fotográfica/ Panasonic Lumix digital.


                                           
                                           Grande parte da rotina felina é essa, soneca.





                 Banho de língua e de sol também são práticas muito comuns e adoradas pelos felinos.




                  
                   Essas patinhas foram registradas tão juntinhas porque parecem uma reverência, sinal de gratidão ao sol em que o Galeano acabara de se deliciar.

sexta-feira, 12 de outubro de 2018

Para meus sobrinhos, no dia das crianças, 2018

Queridos e queridas pequeninas,
Quando vocês vieram ao mundo encheram de luz a vida de seus pais e familiares. Vocês foram muito aguardados e, em sua chegada, nós choramos, mas não se preocupem, porque era choro bom, de alegria.
A casa, o quarto, roupinhas, brinquedos tudo estava prontinho para receber e acolher vocês.
Pedrinho, eu acompanhei sua chegada de pertinho e lembro que até o Calango estava ansioso para lhe conhecer. Ele se aproximou de seu berço, muito curioso, no primeiro dia!
Sobrinhos, o mundo é um lugar bonito, cheio de novidades, sons, cores, sabores diversos. E quando prestamos atenção em cada expressão de descoberta de vocês, nós adultos também conseguimos reviver um pouco a magia de estar aqui e nos deixar tocar por simples acontecimentos do nosso dia a dia. A luz passando pela copa de uma árvore, o metrô vindo veloz dentro do túnel da estação foram algumas coisas que vi de outro jeito ao olhar junto com o Pedrinho, me lembro...
Tem uma música que diz que “é honra dos homens proteger ao que cresce”, essa música se chama “Canción para un niño em la calle”, significa “Canção para uma criança na rua”. Eu sei que vocês ainda não sabem disso, porque é muito cedo para saber, mas existem crianças que passam longo tempo nas ruas das cidades, sem proteção. A vida delas é muito difícil. Então o mundo é um lugar incrível, belo e pleno de possibilidades para vivermos bem, mas, ao mesmo tempo, é um lugar muito difícil também. Os motivos para isso são vários e bem antigos, nem mesmo os adultos conseguem entender perfeitamente, por completo, embora tentem.
Então, os adultos que devem proteger os que crescem e fazer do mundo um bom lugar onde cada um e cada uma de vocês possam viver em segurança, ter saúde, conviver com sua família, seus amigos e sua comunidade, brincar, aprender bastante, criar, inventar, se alimentar, passear e receber muito amor e carinho, às vezes esses adultos se atrapalham, se esquecem das responsabilidades que têm com vocês, com os outros, com o que está por vir e ficam muito vidrados pensando só nos próprios interesses, no momento imediato – suas próprias casas, seus próprios carros, suas roupas e sapatos, seus dinheiros, suas viagens, suas verdades, seus poderes e tantas coisas mais. A gente costuma chamar isso de egoísmo, não é? E egoísmo não é um bom comportamento para vivermos juntos.
Há outros comportamentos e sentimentos que também não são bons para vivermos juntos – quero dizer – juntos em diferentes espaços, desde a nossa casa, até a escola, as ruas, a praça, o parque, as lojas, a praia, enfim todos os espaços que existem em nossa cidade, em nosso país. Por causa desses comportamentos e sentimentos ruins para uma vida em conjunto, eu, suas mães, seus pais, suas avós estamos bastante preocupados ultimamente. Eu sei que vocês não sabem ainda o que significam e como funcionam os sistemas políticos, sociais e econômicos que ordenam a nossa vida em conjunto – o que chamamos de sociedade. É mais um daqueles assuntos difíceis.
Vocês hoje são pequenos e pequenas e vão crescendo pouco a pouco. Nós adultos queríamos muito oferecer a vocês um mundo em que meninas e meninos, homens e mulheres, pessoas negras, indígenas, brancas e de todas as cores, pessoas estrangeiras que vivem no Brasil, pessoas que têm deficiências e habilidades, pessoas que trabalham em todos os trabalhos e estudam em todas as escolas pudessem ter os mesmos direitos, as mesmas oportunidades, pudessem ser respeitadas e pudessem ser livres para escolher a profissão a seguir, a quem amar, que ideias e sonhos cultivar, que religião professar, que tipo de música escutar, para onde ir e onde ficar. Enfim, que fossemos de fato, livres e iguais. O sonho de um mundo assim não é novo, muitas outras pessoas já o sonharam e tentaram realiza-lo. Caminhamos um pouco em direção a ele, às vezes voltamos passos atrás para mais distante desse sonho.
Eu sei que vocês não sabem muito bem o que é um processo eleitoral, mas exatamente nesse ano estamos passando por um. Estamos elegendo os governantes do país e dos estados. E essas eleições têm deixado como eu já disse, a mim, às suas mães, pais e avós, particularmente preocupados. Alguns candidatos aos governos de estados e, principalmente, um dos candidatos à presidência tem um comportamento e sentimentos que não são bons para vivermos juntos. E nossa grande preocupação é que esses candidatos ganharam o apoio de muitas pessoas em nosso país. Acontece que, se eles ganharem as eleições, principalmente a eleição para presidente, se o Jair Bolsonaro se tornar presidente do Brasil, esse mundo de igualdade, respeito, liberdade e dignidade estará cada vez mais distante. Porque de acordo com as coisas que ele fala, o mundo que ele quer construir não é um bom lugar para vivermos juntos, pois é um mundo em que a gente não pode ser diferente, pensar diferente, sonhar diferente. No mundo de pessoas como o Jair Bolsonaro e seus apoiadores os homens têm mais valor que as mulheres, os brancos têm mais valor que os negros e os índios, as pessoas não podem escolher quem amar, pois a única relação permitida é entre homem e mulher, os ricos têm mais valor que os pobres e os patrões têm mais valor que os trabalhadores. No mundo de pessoas como o Jair Bolsonaro os problemas e as diferenças de ideias se resolvem com a violência e com as armas, as pessoas que têm mais riqueza e poder estão autorizadas a machucar as outras que são e pensam diferente delas.
Por isso estamos preocupados e precisamos dizer que sentimos muito, pedimos muitas desculpas a vocês por não termos conseguido até aqui proteger o futuro de vocês contra todas essas ameaças. Muitos de nós tentamos, procuramos fazer nosso melhor para que ao chegarem ao nosso mundo, nossa casa, vocês e todas as crianças que nascem sejam bem acolhidas. Nesse momento estamos vivendo um grande desafio. Por enquanto estamos sofrendo grandes perdas. Mas não desistimos, não abandonaremos o seu futuro e o nosso, continuaremos tentando, com todas as nossas forças, fazer desse mundo, principalmente desse Brasil, um lugar melhor para vivermos juntos. E quando nós estivermos bem velhinhos e velhinhas, vocês continuarão a fazer isso por nós, pelos que vieram antes e pelo que virão.
Com amor,
Tia Ana.
São Paulo, 12/10/2018.

Da série literatos e gatos.  Os bichanos são, de fato, cativantes e inspiradores. Não é atoa que possuem admiradores de muito talento e r...